O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou nesta terça-feira (4) um decreto que encerra a participação dos Estados Unidos no Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU) e suspende o financiamento americano à Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA, na sigla em inglês). A decisão, tomada momentos antes de Trump se encontrar com o premiê de Israel, Benjamin Netanyahu, reflete a postura crítica do republicano em relação à ONU e sua preocupação com as acusações de que a UNRWA teria abrigado membros do grupo terrorista Hamas.
Segundo informações da Fox News, ao assinar o decreto, Trump destacou que o Conselho de Direitos Humanos da ONU necessita neste momento de “organização”, apesar de possuir “um grande potencial”. Durante seu primeiro mandato, Trump também retirou os EUA do órgão, mas o governo de Joe Biden (2021-2025) reverteu essa decisão. O conselho da ONU vem sendo acusado de possuir um viés anti-Israel e de ignorar violações de direitos humanos cometidas por regimes autoritários. Ele é formado por 47 países, incluindo nações com históricos de graves violações, como Cuba, China, Rússia, Catar, Eritreia e República Democrática do Congo.
Israel tem criticado duramente o órgão, acusando-o de agir sistematicamente contra o país enquanto ignora abusos cometidos por outros países, como Cuba e China. Segundo a Fox News, o embaixador israelense na ONU, Danny Danon, elogiou a decisão de Trump, afirmando que “o conselho há muito tempo deixou de promover os direitos humanos – está promovendo um antissemitismo extremo”.
A UNRWA, por sua vez, tem sido alvo de crescentes denúncias de conivência com o grupo terrorista Hamas. O governo israelense revelou no ano passado que funcionários da agência estiveram diretamente envolvidos no ataque terrorista de 7 de outubro de 2023, quando membros do grupo terrorista palestino invadiram o território israelense, matando mais de mil pessoas e sequestrando mais de 200.
As acusações contra a UNRWA ganharam mais força após o depoimento de Emily Damari, uma refém britânica-israelense que foi libertada no recente cessar-fogo entre Israel e o Hamas. Ela relatou ao premiê do Reino Unido, Keir Starmer, que foi mantida por 15 meses em instalações pertencentes à agência da ONU e que os terroristas negaram atendimento médico depois de atirarem nela duas vezes.
Para o governo israelense, a UNRWA já perdeu qualquer status de neutralidade e se tornou, na prática, um braço operacional do grupo terrorista.
“A UNRWA há muito tempo deixou de ser uma organização humanitária independente. Tornou-se uma autoridade terrorista controlada pelo Hamas”, afirmou Danon.
Trump retoma política de máxima pressão contra o Irã
Além do rompimento com a ONU, Trump também assinou nesta terça-feira um memorando restaurando a política de “máxima pressão” contra o regime iraniano. Segundo informações da agência Reuters, a medida inclui esforços para reduzir a exportação de petróleo iraniano a zero, visando enfraquecer economicamente o regime dos aiatolás e impedir que o Irã obtenha armas nucleares.
“Acredito que seja uma decisão muito dura, mas era necessária. O Irã não pode ter uma arma nuclear”, declarou Trump ao assinar o documento. Ele criticou duramente o governo Biden por não aplicar com rigor as sanções ao Irã, permitindo que Teerã continuasse financiando seu programa nuclear e grupos armados na região.
O Irã tem aumentado sua produção de urânio enriquecido, chegando a 60% de pureza, nível próximo ao necessário para fabricar uma bomba nuclear, segundo o chefe da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). Embora o Irã negue que esteja desenvolvendo uma arma nuclear, Trump e aliados acreditam que a intenção do regime é clara.
O memorando assinado por Trump ordena que o Departamento do Tesouro implemente sanções mais severas e amplie os mecanismos de fiscalização para impedir que o Irã continue exportando petróleo. O governo norte-americano pretende também pressionar a ONU para restabelecer todas as sanções internacionais contra o regime iraniano.