O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, defendeu durante uma reunião ministerial realizada nesta quarta-feira (5) a legalização da cocaína, afirmando que a droga “não é pior que o uísque” e que a criminalização dela ocorre apenas porque é produzida na América Latina.
Para o presidente colombiano, a proibição global da cocaína tem motivações geopolíticas e econômicas, e sua regulamentação poderia “desmantelar” o tráfico internacional.
“Se um quer a paz, tem que desmantelar o negócio [do narcotráfico]”, disse. “Se legalizarem a cocaína no mundo, se venderia como vinhos”, acrescentou o presidente.
Petro também comparou a cocaína ao fentanil, droga sintética que tem provocado uma grave crise de overdose nos Estados Unidos. Segundo o colombiano, o fentanil “sim está matando os americanos, e isso não se faz na Colômbia”. Ele ainda acrescentou que a substância surgiu como um medicamento desenvolvido por empresas farmacêuticas norte-americanas e que seus consumidores se tornaram dependentes da substância.
A fala de Petro ocorre em um momento de aumento da produção de cocaína na Colômbia. Segundo informações da Agência France-Presse (AFP), um relatório da Organização das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC) apontou que a produção da droga no país cresceu 53% em 2023, atingindo um recorde de 2.600 toneladas anuais. A Colômbia segue como o maior exportador mundial da substância, apesar de décadas de combate ao narcotráfico com o apoio financeiro e logístico dos Estados Unidos.
O evento ministerial em que Petro fez essas declarações durou seis horas e foi transmitido ao vivo sem aviso prévio. Além das polêmicas declarações sobre drogas, o encontro também evidenciou a crise interna que abala o governo. Ministros demonstraram insatisfação com a recente nomeação de Laura Sarabia como chanceler e de Armando Benedetti como chefe de gabinete, ambos alvos de investigações sobre corrupção. Como consequência, ocorreram demissões dentro do governo, incluindo a saída de Jorge Rojas, chefe do Departamento Administrativo da Presidência (DAPRE), do ministro da Cultura, Juan David Correa, do diretor da Unidade Nacional de Gestão de Riscos de Desastres (UNGRD), Carlos Carrillo, bem como de todos os membros do gabinete do Ministério do Interior.
Petro tem promovido na Colômbia uma negociação com grupos criminosos armados financiados pelo narcotráfico, incluindo o grupo terrorista Exército de Libertação Nacional (ELN).