“Quero mostrar que não existe alagoano fraco”. Este é o lema que guia Lucas de Freitas Borges, maceioense de 19 anos, que vai estrear no Valhalla Extreme Challenger, maior evento de lutas de Sergipe. Nascido e criado no bairro do Benedito Bentes, parte alta de Maceió, o jovem é originalmente lutador de kickboxing, mas vai se arriscar no MMA, modalidade de combate que combina diversas artes marciais distintas.
Estudante de Educação Física na Universidade Federal de Alagoas (UFAL), Lucas treina sob a supervisão do treinador Douglas ‘Dragon’. Na sua estreia, enfrentará Keven, um sergipano também estreante, que representa a equipe Strikers MMA. O combate será válido pela modalidade de MMA amador, e acontecerá no domingo (15), nas arquibancadas do Colégio Bom Pastor, em Aracaju-SE.
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A luta está presente na vida do alagoano desde a infância. Inicialmente no judô, Lucas começou sua trajetória aos 6 anos e, ao longo do tempo, experimentou modalidades como jiu-jitsu, taekwondo, boxe e, por fim, kickboxing, sua principal especialidade.
Entretanto, o jovem admite as complicações de viver em um estado periférico em relação ao investimento não só em lutas, mas no esporte de um modo geral.
“Desde quando comecei nas artes marciais, vejo essa dificuldade de investimento e interesse, até mesmo no jiu-jitsu, que é gigantesco. Atletas muitas vezes tendo que ir atrás de dinheiro para competir, além de ser um mundo difícil de ser conseguir qualquer tipo de investimento, caso você não mostre um resultado perfeito”, analisou.
Filho único de Leandro e Sandra, a vida no esporte está na veia da família. O pai já viveu como garçom e entregador, mas carrega também um passado nos campos de futebol de todo o Brasil. Leandro é natural de Nova Iguaçu, no Rio de Janeiro, e já jogou nas bases de clubes como o Itaperuna, o Botafogo e o Vitória da Bahia. Teve campanhas de destaque atuando com a camisa do Alvinegro, mas teve a carreira frustrada por lesões graves no joelho e problemas de indisciplina.
Já a mãe de Lucas não é necessariamente atleta, mas é um dos maiores suportes para o kickboxer de 19 anos.
Morador não só de uma capital com pouco suporte, Lucas também vive em uma zona periférica da cidade. “Dificuldades como só um saco de pancada em um espaço mínimo para diversos atletas, podem ser limitantes, mas também me motivam a mostrar a força de minhas raízes”, afirmou.
“É um pouco assustador. É minha primeira luta e vai ser logo fora de casa. Independentemente, quero mostrar a força do nosso Estado e a força do meu bairro. Quero mostrar que não existe alagoano fraco”.
Além de Lucas, outros lutadores treinados por Douglas ‘Dragon’ também representarão Alagoas na competição. Entre eles, está Ana Allyce, que também fará sua estreia na modalidade amadora, e o próprio treinador, que subirá ao octógono como competidor.
A jovem tem 20 anos e é estudante de Ciências Biológicas na UFAL. Seu confronto será com Ellen Barbosa, sergipana que representa a Academia Siam Fight, do município de Salgado. Já Douglas, lutará na categoria até 61, no embate contra o conterrâneo Nery ‘The Future’.
O Valhalla Extreme Challenger é uma oportunidade para atletas como Lucas, que talvez não tenha recebido as melhores chances e suporte durante sua vida, mostrarem seu valor e evidenciarem que há, sim, muito talento espalhado por toda Alagoas.