O governo da Austrália anunciou nesta terça-feira (4) a proibição da instalação e uso da inteligência artificial chinesa DeepSeek em dispositivos governamentais, alegando que a plataforma representa um “risco inaceitável” à segurança nacional. A decisão segue recomendações de órgãos de inteligência e segurança do país, que alertaram sobre potenciais vulnerabilidades associadas à tecnologia desenvolvida no território comunista.
A medida atinge todos os órgãos federais, que deverão remover imediatamente a IA de seus sistemas e reportar o cumprimento da diretriz. Ela não atinge entidades como o serviço postal Australia Post e a emissora estatal ABC. Apesar da restrição no setor governamental, funcionários ainda poderão utilizar a IA em seus dispositivos pessoais.
O ministro do Interior da Austrália, Tony Burke, justificou a decisão afirmando que, embora a inteligência artificial traga oportunidades, o governo não hesitará em agir sempre que houver ameaças à segurança nacional.
“A IA é uma tecnologia cheia de potencial e oportunidades, mas o governo não hesitará em agir quando nossas agências identificarem um risco para a segurança nacional”, declarou Burke, segundo a emissora pública australiana.
A decisão segue medidas semelhantes já adotadas por outras nações, como a Itália e o estado americano do Texas, que também impuseram restrições ao uso da DeepSeek.
Na semana passada, o ministro da Ciência da Austrália, Ed Husic, já havia demonstrado preocupação com a forma como a IA chinesa gerencia a privacidade dos usuários.
“Há muitas perguntas que precisam de resposta em termos de qualidade, preferências dos consumidores, armazenamento de dados e a gestão da privacidade”, disse Husic à ABC. Ele pediu que as pessoas reflitam cuidadosamente antes de baixar a aplicação.
A chegada da DeepSeek ao mercado global causou impacto significativo. A plataforma chamou atenção ao demonstrar um desempenho semelhante ao de concorrentes ocidentais, mas com custos de treinamento supostamente inferiores. A novidade abalou os mercados financeiros, com quedas nas ações de empresas do setor de inteligência artificial, incluindo fabricantes de chips como a americana Nvidia.
A desconfiança com a DeepSeek também se espalhou para outros países. Taiwan, alvo da China, anunciou uma proibição semelhante nesta segunda-feira (3), impedindo seu uso por órgãos governamentais. O primeiro-ministro taiwanês, Cho Jung-tai, justificou a decisão destacando a necessidade de proteção das informações internas do governo.
Além disso, reguladores da Coreia do Sul, Irlanda e França iniciaram investigações sobre como a plataforma armazena e gerencia dados de usuários, considerando que a informação coletada é mantida em servidores localizados na China. Nos Estados Unidos, a Casa Branca confirmou que já está analisando os potenciais riscos da DeepSeek.
