Em uma partida emocionante, o CRB vira o jogo contra o Ituano e respira aliviado fora da zona de rebaixamento.
Com os times brigando para fugir do rebaixamento, a partida iniciou bastante truncada e com pouca qualidade nos sistemas ofensivos de ambas as equipes. O duelo no banco entre a experiência e o pragmatismo de Hélio dos Anjos, aos 66 anos, e a ousadia do paulista Chico Elias, de 43 anos, travou um grande embate.
No primeiro momento, Chico Elias, com o desfalque do artilheiro Bruno Xavier, conseguiu surpreender Hélio dos Anjos com uma formação diferente, com dois centroavantes, Tonny e Salatiel, por dentro. A ideia era clara: impedir que os zagueiros tivessem sobra e não conseguissem conforto na primeira fase de construção. Vinícius Paiva travava Hereda, enquanto José Aldo marcava a subida do lateral Rayan. Sem posse, o Ituano se organizava em um 4-4-2, e com posse, em um 4-3-3, com um ponta pela esquerda e dois centroavantes. Quem atacava o corredor em profundidade era o lateral Marcinho. Assim, as equipes optavam pelo jogo direto, trocando poucos passes pelo corredor central. O Ituano jogava a bola nos dois centroavantes, que ganhavam todas as bolas dos defensores alagoanos. A segunda bola sempre ficava nos pés de José Aldo, que, já na zona de finalização, distribuía o jogo. Dessa forma, o Ituano era mais perigoso e obrigou o goleiro Matheus Albino a fazer boas defesas.
Muito disso acontecia porque os zagueiros do CRB, impedidos de construir, rifavam a bola, e o time alagoano abusava dos erros de passe, deixando o time da casa ficar com a bola e arriscar.
Chico Elias iniciava bem o duelo, surpreendendo Hélio. O placar foi aberto aos 20 minutos, quando Hereda caiu numa disputa e a bola bateu no braço do lateral. O volante José Aldo bateu com muita categoria e marcou. O empate não demorou para sair. Dois minutos depois, em uma jogada de escanteio, Chay cruzou, a bola ficou no bate-rebate na área e sobrou nos pés de Segovia, que chutou certeiro para empatar.
No segundo tempo, a partida ficou ainda mais truncada, com o CRB fazendo faltas duras. Saimon não permitia a bola no pivô e já vinha no corpo para fazer a falta, até exagerou. Porém, a facilidade da primeira etapa não acontecia mais, e o Ituano arriscava mais com a bola parada, mas sem eficiência para o gol. Hélio igualou o duelo no intervalo, arrumando o bloco defensivo com a entrada de Mateus na lateral esquerda e impedindo a jogada de ataque direto e segunda bola com Yann Rolim ou José Aldo.
Os times foram pouquíssimo criativos e ficaram trocando passes no meio-campo na tentativa de descer ao ataque. Mas o que imperou foram os erros de passe de ambas as equipes.
A partida parecia decidida ao empate. O desespero era maior do Galo de Itu, que foi para o tudo ou nada, fazendo um 4-1-5, com José Aldo no meio-campo e cinco atacantes.
O CRB conseguia trocar passes e havia muito espaço. Muitos já reclamavam de Hélio dos Anjos por não arriscar como fez o técnico paulista. Dos Anjos foi pragmático e só trocou peças sem mudar o contexto tático, e foi premiado.
Romulo, livre, arriscou de fora da área para uma ótima defesa de Jefferson. Porém, o goleiro deu rebote e Getúlio estava lá para empurrar para o fundo das rede
No final, o CRB venceu e saiu da zona do rebaixamento, agora dependendo de suas forças para permanecer na elite do futebol.
O jogo me fez lembrar das bancas da Associação Brasileira de Treinadores de Futebol (ABTF), onde lemos obras de treinadores. Aqui encerro com duas delas:
“O futebol é cada vez mais um xadrez e no xadrez, se você perder a concentração por um segundo, você está morto.” – Sir Alex Ferguson
“As finais não são disputadas, são vencidas.” – Luis Aragonés