segunda-feira, 10 março 2025

Dólar sobe e fecha em R$ 5,85, com preocupações sobre guerra comercial dos EUA; Ibovespa recua

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Dólar sobe e fecha em R$ 5,85, com preocupações sobre guerra comercial dos EUA; Ibovespa recua

A moeda norte-americana avançou 1,06%, cotada a R$ 5,8515. Já o principal índice da bolsa de valores caiu 0,41%, aos 124.519 pontos.

Dólar. FOTO: Freepik

O dólar fechou em alta nesta segunda-feira (10), conforme repercutiam nos mercados globais os temores de que uma recessão nos Estados Unidos possa vir à frente, em meio às tarifas intermitentes do presidente do país, Donald Trump. (Entenda mais abaixo)

Em entrevista à Fox News no domingo (9), o republicano disse que “detesta” fazer previsões sobre o futuro da economia, mas não descartou uma recessão e um aumento de preços durante o “período transitório” de suas políticas tarifárias. “Isso leva um pouco de tempo”, afirmou.

O receio dos investidores é que as novas tarifas de Trump resultem em um novo aumento de preços nos Estados Unidos e acabem forçando o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) a voltar a subir os juros no país. Esse cenário, caso se concretize, tende a restringir o consumo e pode desacelerar a economia — o que, a depender de uma série de fatores, pode resultar em uma recessão, caso se prolongue demais.

Por aqui, o mercado aguarda a divulgação de uma série de importantes indicadores econômicos do Brasil. Além de informações sobre a produção industrial e o setor de serviços de janeiro, os dados de inflação de fevereiro também devem ser conhecidos ao longo desta semana.

O relatório “Focus”, divulgado nesta segunda-feira (10) pelo Banco Central do Brasil (BC), elevou a estimativa de inflação para este ano de 5,65% para 5,68%. Com isso, a expectativa para 2025 está acima e cada vez mais distante do teto da meta, que é de 4,5%.

O Ibovespa, principal índice acionário da bolsa de valores brasileira, encerrou em queda.

Dólar

Ao final da sessão, o dólar fechou em alta de 1,06%, cotado em R$ 5,8515. Na máxima do dia, chegou a R$ 5,8710. Veja mais cotações.

Com o resultado, acumulou:

alta de 1,06% na semana;

queda de 1,09% no mês;

perdas de 5,31% no ano.

Na sexta-feira (7), a moeda americana teve alta de 0,57%, cotada a R$ 5,7901.

Ibovespa

Já o Ibovespa encerrou em queda de 0,41%, aos 124.519 pontos.

Na sexta-feira (7), o índice teve alta de 1,36%, aos 125.035 pontos.

Com o resultado, o Ibovespa acumulou:

alta de 1,82% na semana e no mês;

ganho de 3,95% no ano.

O que está mexendo com os mercados?

A política tarifária do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, continuou a impactar os mercados nesta segunda-feira (10).

Em entrevista à Fox News no último domingo (9), Trump não descartou uma recessão e um aumento de preços no “período transitório” (de implementação) de suas medidas, e minimizou as preocupações das empresas com a falta de clareza de suas políticas tarifárias.

O presidente norte-americano tem constantemente ameaçado os principais parceiros comerciais do país com a implementação de tarifas de importação, mas também tem recuado de suas medidas com certa frequência.

Na última semana, por exemplo, Trump voltou a isentar as tarifas de 25% anunciadas sobre as importações do Canadá e do México durante um mês. A decisão veio após os dois países prometerem uma série de retaliações aos EUA pelas taxas impostas.

Antes, o republicano já havia adiado as tarifas, após ter feito um acordo com os dois países para que reforçassem a segurança de suas fronteiras.

O vai e vem das tarifas de Trump tem aumentado as incertezas comerciais, com dúvidas sobre quais tarifas prometidas realmente entrarão em vigor e temores de que uma nova guerra comercial afete a inflação e o crescimento dos EUA e de vários outros países pelo mundo.

Nesta segunda-feira (10), por exemplo, o chefe de comércio da União Europeia (UE), Maros Sefcovic, afirmou que viajou a Washington no mês passado com o objetivo de iniciar um diálogo e evitar “sofrimento desnecessário de medidas e contramedidas”.

Ele destacou, no entanto, que apesar de os dois lados terem identificado algumas áreas de benefícios mútuos a serem buscadas, o governo Trump não parece interessado em negociações para evitar um conflito comercial com o bloco europeu.

“No final, uma mão não pode bater palmas sozinha. O governo dos EUA não parece estar se empenhando em fazer um acordo”, afirmou Sefcovic.

Diante de todo esse cenário, fica no radar o indicador de expectativas de inflação do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) de Nova York, que indicou que os norte-americanos ficaram mais preocupados com as perspectivas econômicas em fevereiro.

Ainda segundo a Pesquisa de Expectativas do Consumidor da instituição, a inflação daqui a um ano é vista em 3,1%, um pouco acima da leitura de 3% de janeiro, enquanto o nível projetado de inflação para daqui a três e cinco anos ficou inalterado em relação a janeiro, em 3%. O Fed tem como meta uma inflação de 2%.

Ainda no exterior, dados de inflação ao consumidor na China ficam no radar. Os indicadores foram divulgados no final de semana e vieram abaixo do esperado, apontando para uma tendência deflacionária persistente no país.

Cenário doméstico

Já no Brasil, uma série de indicadores econômicos deve ser divulgada nos próximos dias, com destaque para a produção industrial e o setor de serviços de janeiro, além dos dados de inflação de fevereiro.

O cenário político também fica no radar, após o vice-presidente Geraldo Alckmin anunciar, na última semana, novas medidas para tentar baratear o preço dos alimentos. Entre as propostas, estão: zerar a tarifa de importação para alguns alimentos, como carne, café, açúcar, milho e azeite de oliva.

Os anúncios geraram um clima de certa aversão ao risco no mercado de câmbio brasileiro, ao levantar dúvidas sobre os impactos fiscais das medidas.

“(Há) risco fiscal no radar. Sobre isso, eu destacaria gastos do governo na tentativa de segurar a inflação de alimentos e demais despesas que podem impactar as contas públicas”, disse à Reuters Fernando Bergallo, diretor de operações da FB Capital.

Um levantamento feito pelo economista-chefe da Warren Investimentos, Felipe Salto, indica que a isenção na importação de alimentos anunciada pelo governo poderá resultar em uma queda de R$ 1 bilhão por ano na arrecadação.

“O total da arrecadação perdida nesse exercício de 2025 dependerá do início da vigência da medida, além de considerações de sazonalidade”, ponderou o economista.

Na sexta-feira, o presidente Lula abordou o tema e afirmou que não descarta uma medida mais drástica para conter o preço dos alimentos.

“Eu agora estou preocupado com o preço dos alimentos. Estou muito preocupado”, mencionou Lula. “Estamos fazendo muito. Ontem [quinta] foi feito uma reunião no Palácio com muitos ministros, muitos empresários, já tomamos algumas medidas.”

FONTE: g1

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Fonte: Portal Acta

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