
Portas e janelas quebradas, salas de aula e de pesquisa sem condições de funcionamento, além de problemas estruturais, hidráulicos e elétricos. Esse é o cenário atual do Museu de História Natural de Alagoas, que abriga um acervo com mais de 60 mil peças. A sobrevivência da instituição depende da aprovação em um edital de R$ 7 milhões da Finep (Financiadora de Estudos e Projetos), vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, para uma obra de recuperação completa.
O projeto já passou pela primeira etapa de avaliação e aguarda nova análise para a liberação dos recursos. Embora o museu pertença à Universidade Federal de Alagoas (Ufal), não há recursos próprios destinados à sua manutenção. O prédio histórico, que completa 34 anos, é uma construção imponente do início do século XX e está localizado em frente à Praça da Faculdade, no bairro do Prado, em Maceió.
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Tombado pelo Patrimônio Histórico, o edifício já foi um quartel do Exército, abrigou a Faculdade de Medicina e o Instituto de Ciência. Desde 2016, funciona como Museu de História Natural.
Seu acervo inclui coleções de zoologia, mastozoologia, herpetologia, etnologia, geologia, paleontologia e arqueologia, entre outros. Contudo, apenas uma pequena parte desse material histórico está em exposição devido às condições precárias do prédio.
O diretor atual, professor doutor em Zoologia Filipe Cavalcante do Nascimento, assumiu o cargo em maio e, junto com uma equipe de dois funcionários, 10 bolsistas e quatro estagiários, enfrenta dificuldades para manter o museu em funcionamento. A esperança recai sobre a aprovação do edital da Finep, que pode garantir a recuperação da infraestrutura, compra de novos equipamentos e manutenção adequada.
O museu mantém uma importante parceria com o Museu da Rússia e recebe estudantes e pesquisadores do Brasil e do exterior. No entanto, apesar de manter as portas abertas diariamente, a instituição não possui recursos para realizar atividades sociais.

Com as fortes chuvas do primeiro semestre, a situação piorou. Marcas de infiltrações, mofo, portas e janelas quebradas são visíveis por todo o prédio. Para evitar uma tragédia semelhante à que ocorreu no Museu Nacional do Rio de Janeiro, em 2018, o ex-diretor Jorge Luiz Lopes tomou medidas preventivas. Coleções valiosas foram removidas das áreas de exposição e transferidas para locais mais seguros dentro do imóvel, onde permanecem climatizadas e longe das áreas mais críticas.
Entre os itens em exposição, destaca-se a bacia de uma preguiça gigante (Eremotherium Laurillardi Lund), encontrada em um sítio arqueológico no município de Olho D’Água do Casado, no Alto Sertão de Alagoas, a 269 quilômetros de Maceió. O museu também abriga exemplares de animais do período Pleistoceno, que viveram entre 2,5 milhões e 11,7 mil anos atrás.
O setor de infraestrutura da Ufal já realizou vistorias no prédio e está elaborando estudos técnicos para a recuperação do imóvel, mas ainda não há previsão para a conclusão desse projeto essencial para a preservação do patrimônio histórico e científico de Alagoas.
