O governo da Argentina, do presidente Javier Milei, apresentou nesta quinta-feira (26) uma denúncia à Justiça contra o embaixador do país na Venezuela durante a gestão Alberto Fernández (2019-2023), por acusação de “traição à pátria”.
Segundo informações do jornal Clarín, o Ministério da Segurança Nacional afirmou que o ex-embaixador Oscar Laborde realizou sem autorização negociações junto à ditadura da Venezuela, relativas à prisão do gendarme argentino Nahuel Gallo, detido no país caribenho desde a semana retrasada.
A pasta alegou na denúncia que, “sem qualquer tipo de autorização oficial”, Laborde entrou em contato com a família do gendarme na Argentina, para entregar “uma carta” a Gallo, “com a colaboração do governo da Venezuela”.
A pasta da ministra Patricia Bulrrich acusou Laborde de ter “a evidente intenção de expor argumentos políticos para prejudicar o papel do governo argentino na proteção do gendarme cujo desaparecimento forçado é denunciado”.
“Agiu contra os interesses do país ao sustentar a justificativa do desaparecimento forçado de um cidadão argentino, arrogando-se poderes diplomáticos que só podem ser exercidos por representantes da chancelaria argentina”, afirmou o Ministério da Segurança.
A referência do governo Milei é à justificativa da ditadura de Nicolás Maduro de que Gallo teria entrado na Venezuela “irregularmente” e “sem documentos”, a qual Laborde tentaria corroborar.
“Suas ações têm o único objetivo de colaborar com o regime que prendeu ilegalmente o gendarme Gallo, apresentando um governo ditatorial como ‘humanitário’, e o nosso governo democrático como ‘fascista’”, acrescentou. Laborde ainda não se pronunciou sobre a denúncia.
A Argentina diz que Gallo viajou à Venezuela para visitar a namorada, mas o chavismo alega que o gendarme teria sido “enviado” ao país para “cumprir uma missão”.
Na segunda-feira (23), a Justiça Federal de Mendoza, na Argentina, determinou que seja enviada uma notificação por via diplomática à Venezuela para que preste informações sobre a situação de Gallo e que seja aberta uma ação criminal na Argentina sobre o assunto por desaparecimento forçado.