O deputado Hugo Motta (Republicanos-PB) foi eleito presidente da Câmara dos Deputados para o biênio, conquistando 444 votos e confirmando o favoritismo na disputa. Médico de formação e natural de João Pessoa (PB), Motta, de 35 anos, será o presidente mais jovem da história da Casa, sucedendo Arthur Lira, que deixa o cargo após dois mandatos consecutivos.
Motta vem de uma família com tradição política em Patos, no interior da Paraíba. O avô materno, Edivaldo Mota, foi deputado entre 1987 e 1992, enquanto o avô paterno, a avó materna e o próprio pai ocuparam o cargo de prefeito do município.
Seu nome só passou a ser cotado para a presidência da Câmara em agosto do ano passado, quando o Centrão, em articulação com o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, construiu um consenso para que ele sucedesse Lira, com o aval do próprio alagoano.
Motta é visto como um articulador habilidoso, capaz de transitar entre diferentes blocos da Câmara. Embora faça parte da aliança que reúne Republicanos, MDB, PSD e Podemos, mantém bom relacionamento com PP e União Brasil, o que fortalece sua capacidade de diálogo entre as diversas correntes políticas da Casa.
Sua trajetória política começou em 2010, quando foi eleito deputado federal com apenas 21 anos e 22 dias, obtendo 86.150 votos e se tornando o mais jovem parlamentar da história do Brasil, título que ainda detém. Desde então, foi reeleito em 2014, 2018 e 2022, sempre com base eleitoral em Patos.
Filiado ao MDB até 2018, Motta integrou o grupo de apoio ao então presidente da Câmara, Eduardo Cunha. Em 2016, votou favoravelmente ao impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, que perdeu o mandato em razão do escândalo das pedaladas fiscais. Apesar disso, atualmente mantém uma relação próxima com o governo Lula, especialmente na Paraíba. Ele tem bom trânsito com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e já recebeu demonstrações de apoio da equipe econômica em eventos públicos.
Após deixar o MDB, Motta se filiou ao Republicanos, onde exerce influência significativa e lidera a bancada do partido na Câmara. Embora seja mais alinhado a Arthur Lira, possui também uma relação de proximidade com o presidente nacional da sigla, Marcos Pereira (Republicanos-SP).
Aliados destacam suas qualidades, definindo-o como “correto”, “competente” e alguém que “cumpre a palavra”. É reconhecido por sua atenção tanto a líderes quanto a deputados do chamado “baixo clero”, demonstrando uma postura de diálogo e acessibilidade no exercício do mandato.