Homem de confiança do novo governo Trump, o bilionário Elon Musk, responsável pelo Departamento de Eficiência Governamental dos Estados Unidos e fundador da SpaceX, poderá ter forte influência também na condução governamental da Nasa e de seus futuros projetos espaciais. Isto poderá significar uma guinada inversa em iniciativas como o projeto Artemis, considerado por especialistas como a melhor chance da Nasa retornar à superfície da Lua.
O projeto Artemis, concebido com outro nome ainda em 2004 e que já passou pelas gestões dos presidentes Bush, Obama, Biden e até mesmo de Trump, foi duramente criticado por Musk no fim do ano passado. “Em relação ao espaço, a arquitetura Artemis é extremamente ineficiente, pois é um programa de maximização de empregos, não de resultados. Algo inteiramente novo é necessário”, escreveu o empresário em resposta a um seguidor na plataforma X (antigo Twitter).
Musk não trouxe detalhes sobre o que ele consideraria como “algo inteiramente novo” na condução do projeto Artemis, mas especialistas têm especulado que talvez o empresário sul-africano esteja referindo-se à colonização de Marte, projeto já existente da SpaceX, fabricante estadunidense de sistemas aeroespaciais e transporte espacial, cujo dono e fundador é o próprio Musk.
Tal possibilidade foi aventada pelo professor de Física da Universidade de Nottingham Trent, Ian Whittaker. Em artigo publicado pelo The Conversation, o especialista questiona se a estratégia faria sentido no atual cenário, em que a Nasa já realizou testes bem-sucedidos por o Artemis-1 em 2022.
“Seria uma atitude sensata voltar-se para a exploração marciana em vez de ir para a Lua? Isso provavelmente significaria abandonar o projeto Lunar Gateway, uma estação espacial em órbita ao redor da Lua onde os astronautas poderiam viver. Mas como isso não está planejado até 2027, no mínimo, isso parece aceitável. Entretanto, a diferença entre ir à Lua e ir a Marte é como a diferença entre caminhar até o fim da rua e caminhar até outro país”, contemporizou Whittaker.
Em setembro do ano passado, a SpaceX anunciou que deverá enviar ao espaço até 2026 cinco naves não-tripuladas até Marte. “Se todas pousarem com segurança, missões tripuladas serão possíveis em quatro anos”, escreveu Elon Musk no X à época.