As Forças de Defesa de Israel deixaram completamente neste domingo (9) o Corredor Netzarim, uma estrada artificial leste-oeste que corta a Faixa de Gaza.
A medida, programada para o 22º dia do acordo de cessar-fogo entre Israel e o grupo islâmico Hamas, permite que os palestinos que tiveram que deixar suas casas devido à guerra retornem para o nordeste do enclave.
As forças de Israel já tinham saído parcialmente do corredor há quase duas semanas, mas mantiveram algumas posições no lado leste da estrada (mais próximo do território israelense).
De agora em diante, elas ficarão posicionadas somente no Corredor Filadélfia (ao longo da fronteira com o Egito) e na “zona tampão” de 500 a 700 metros de largura que separa Gaza de Israel.
A reportagem da Agência EFE verificou famílias retornando ao norte da Faixa de Gaza na manhã deste domingo, atravessando o Corredor Netzarim, onde nenhuma estrutura permanece de pé e as estradas estão muito danificadas.
Nenhum tanque ou equipamento israelense permanece na região, e todas as passagens, pelas quais os palestinos tinham que passar quando foram expulsos do norte de Gaza, foram desmontadas.
Já às 6h da manhã, grupos de pessoas deslocadas retornavam ao lado leste do Corredor Netzarim para inspecionar o estado de suas casas e vasculhar escombros em busca de roupas ou suprimentos.
Ao lado de uma das passagens desmontadas, um espaço com muita areia exalava um cheiro forte. Algumas famílias encontraram corpos soterrados.
Na noite de sábado (8), Israel enviou uma delegação a Doha, no Catar, para negociar “detalhes técnicos” do acordo de cessar-fogo, mas não para debater como implementar a segunda fase, informou a imprensa israelense.
As conversas indiretas com os mediadores (EUA, Catar e Egito) sobre a segunda fase do acordo – na qual o restante dos reféns vivos será libertado – deveriam ter começado no 16º dia, desde que o cessar-fogo entrou em vigor, ou seja, em 3 de fevereiro.
Questionado pela Agência de Notícias EFE, Bassem Naim, membro do escritório político do Hamas, confirmou que as negociações ainda não começaram, o que coloca em risco um acordo que já permitiu a libertação de 21 reféns vivos, em Gaza (16 israelenses e cinco tailandeses) em troca de mais de 700 prisioneiros e detentos palestinos.