O líder político do Hamas e mentor do massacre de 7 de outubro, Yahya Sinwar, teve a morte confirmada nesta quinta-feira (17) após um ataque de Israel em Rafah, no extremo sul da Faixa de Gaza.
Sinwar se tornou o homem mais procurado pelo Exército israelense desde o início da guerra, no ano passado, quando terroristas invadiram o território de Israel e mataram mais de mil pessoas. Até esta semana, seu paradeiro era praticamente desconhecido pelas forças de Defesa, mas acreditava-se que ele estava em um dos túneis construídos no enclave para fugir do radar do país vizinho.
O líder radical representava a linha mais dura e beligerante do Hamas. Nascido em um campo de refugiados na cidade de Khan Younis, Sinwar foi eleito líder da milícia em Gaza em 2017, depois de construir uma reputação de inimigo ferrenho de Israel e, em 6 de agosto – após a morte em Teerã do então chefe do escritório político, Ismail Haniyeh – foi escolhido para o posto mais alto no organograma do grupo terrorista.
Tamanha a fama de radicalismo de Sinwar, 61 anos, que ele ficou conhecido pelo apelido de “açougueiro de Khan Younis”, devido a sua trajetória marcada pela violência extrema e imenso poder dentro do Hamas.
Sua jornada dentro da milícia palestina começou ainda na década de 1980, quando foi recrutado pelo fundador, Sheik Ahmed Yassin, morto por Israel em 2004. O reconhecimento de Yassin veio após Sinwar ser preso por Israel pela primeira vez em 1982, aos 19 anos.
Dois anos após a fundação do grupo, em 1987, o mais recente líder morto criou uma temida unidade militar que era encarregada de reprimir suspeitos de traição e aplicar rigorosas leis de “moralidade islâmica”, a Al Majd.
Suas ações enquanto chefe desta unidade militar fizeram com que ele adquirisse uma reputação temida no enclave palestino e entre seus adversários.
Sua facilidade em conduzir operações violentas e sua crescente influência ficaram ainda mais evidentes em 1988, quando ele ajudou a sequestrar e assassinar dois soldados das Forças de Defesa de Israel (FDI). Após este ato, Sinwar foi capturado e preso pelas forças de Israel, sendo condenado no país a uma pena de 22 anos.
Em 2011, foi libertado em uma troca de mais de mil prisioneiros palestinos pelo militar israelense Gilad Shalit, que estava detido em Gaza.
Para o líder da milícia, a “luta armada” era a única maneira de forçar a criação de uma nação palestina, contaram quatro autoridades palestinas e duas fontes de governos no Oriente Médio ao jornal Times of Israel.
A ideologia extremista do Hamas enxerga Israel como uma força inimiga que deve ser destruída conforme apontado na Carta de Princípios do grupo, uma visão fortemente defendia por Sinwar antes mesmo de se tornar o líder máximo do grupo terrorista.
Desde o início da guerra na Faixa de Gaza, há mais de um ano, seu paradeiro era praticamente desconhecido por Israel, que previu que o líder do Hamas estaria em um dos túneis, perto de alguns dos cerca de 100 reféns ainda mantidos no enclave como proteção.
A morte de Sinwar ocorreu em um confronto entre tropas de infantaria e combatentes do Hamas durante uma patrulha de rotina na tarde desta quarta-feira (16) em Rafah, segundo informações da imprensa israelense, citando fontes militares.