Um dia uma menina se viu perdida nesse mundo com uma criança pequena no colo e essa menina teve que se tornar mulher no meio desse caminho.
Essa é a realidade de muitas mulheres brasileiras hoje.
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Vivemos uma era mães que estão criando seus filhos sozinhas e de homens que não tem responsabilidade afetiva e as vezes nem sequer patrimonial com seus filhos, mesmo existindo leis para isso.
Este é um contraponto da independência da mulher que vemos nos dias de hoje, aliada ao esfacelamento das famílias tradicionais.
Antigamente as mulheres ficavam presas em casamentos infelizes, porque existia uma sociedade que manchava as mulheres que eram separadas e que tambem tinham uma dependência financeira do marido.
No mundo atual as mulheres conseguiram sua independência financeira e pessoal, hoje a separação deixou de ser um tabu e virou uma realidade cotidiana.
Todavia, paralelo a isso, encontra-se a necessidade falar sobre o aumento das mães que cuidam de seus filhos sozinhas, que trabalham para cuidar deles e que se tornaram chefes de família.
É incalculável o desgaste de uma mulher que precisa trabalhar para sustentar seus filhos praticamente sozinha e ainda cuidar deles sozinha todos os dias.
Eu sinto falta de políticas sociais para essas mulheres tão guerreiras e que estão fazendo história neste país na criação de seus filhos.
Vivemos uma era de mães solos, de pais ausentes e de mulheres que estão sobrecarregadas tentando dar conta de tudo e ainda se sentindo culpada quando não conseguem.
A sociedade julga muito as mulheres, espera-se muito delas, que elas sejam felizes, que sejam boas mães, excelentes profissionais e que não tenham muita vida social, porque aos olhos do mundo o que parece é que as mães não podem ter uma sair de casa, sem ouvir toda sorte de julgamentos.
Os pais ao contrário estão liberados para serem o que quiserem ser, nossa sociedade sempre vai empurrar a conta para o lado mais fraco.
Hoje existe um movimento de mulheres que estão se movimentando para mostrarem o outro lado da mulher e que podemos ser ótimas mães, mesmo cuidando de alguns interesses próprios e vivendo a vida.
Mas ainda existe um longo caminho a ser percorrido.
Eu não vejo políticos levantando bandeiras e criando projetos sociais que beneficiem exclusivamente as mães solos.
Eu estou escrevendo um livro sobre este assunto que saíra nos próximos meses, mas eu peço as nossas autoridades que olhem para essa nova geração de mulheres que estão criando seus filhos praticamente sozinhas e que estão fazendo o seu melhor, mas estão sempre cansadas e sobrecarregadas. Que existam projetos sociais destinados a estas mulheres.
Ser mãe solo pode ser um dos maiores desafios do mundo, mas certamente é um trabalho recompensado com um simples sorriso de um filho.
As vezes eu penso que sorte eu tenho de ser mãe solo, é desafiador cuidar dela sem um pai presente, mas, ao mesmo tempo, me bate uma imensa gratidão por poder curtir ela em todos seus momentos sem ter que dividir ela com mais ninguém.
Este é um trabalho árduo, mas eu tenho certeza que qualquer mãe diria que um simples beijo do filho recompensa todo o esforço.
Enfim, se ser mães é padecer no paraíso, ser mãe solo é padecer em dobro, mas, pelo menos, vivemos no paraíso.
Luciana Leal
Formada em Direito pela Universidade Federal de Uberlândia
Advogada de 2005 a 2008
Analista e chefe de cartório do TRE de Minas de 2008 a 2020
Analista Judiciário do Tribunal Regional Federal da Terceira Região em São Paulo – atual
Escritora do romance Doce Laço
Mãe solo