A Área Metropolitana de Buenos Aires (AMBA) vive nesta terça-feira (28) uma greve ferroviária de seis horas em protesto contra o governo do presidente Javier Milei e por melhorias salariais que, segundo dados oficiais, afetaram um milhão de passageiros e causaram prejuízos ao Estado superiores a 100 milhões de pesos (cerca de R$ 560 mil).
“Como consequência de uma medida de força extorsiva, ordenada pelo sindicato La Fraternidad, um milhão de pessoas perderam a possibilidade de viajar em condições normais”, disse o porta-voz presidencial Manuel Adorni, durante uma entrevista coletiva na Casa Rosada (sede do Executivo argentino).
A greve, liderada pelo sindicato de maquinistas mais forte do país, começou às 9h e se prolongará até as 15h, devido à falta de resposta aos trabalhadores por parte do governo durante a negociação de acordos coletivos, indicou um comunicado do grêmio.
“Um milhão de argentinos que não têm o privilégio da casta sindical perderam dinheiro, tempo e um dia de trabalho. Esta é a sexta medida de força deste sindicato desde que assumimos o governo”, acrescentou Adorni.
Pontos de ônibus e estações de metrô em Buenos Aires ficaram lotados de passageiros buscando meios alternativos para chegar ao trabalho, enquanto as estações de trem permaneceram vazias durante a greve.
Segundo um comunicado da Trenes Argentinos, empresa que reúne todas as empresas ferroviárias dependentes do governo, foram afetadas apenas as linhas ferroviárias que conectam com a capital do país.
“Todos os serviços urbanos das cinco linhas operadas pela Trenes Argentinos serão afetados além do horário estipulado, com base no diagrama dos últimos e primeiros trens programados antes e depois da greve. A medida de força não afetará os serviços de longa distância”, detalhou a nota oficial.
Adorni, por sua vez, questionou a greve do sindicato em um “contexto de baixa inflação, onde os salários estão se recuperando há oito meses e a taxa de pobreza caiu 16 pontos”.
Os últimos dados do Instituto Nacional de Estatística e Censos (Indec) registraram que a inflação anual argentina fechou 2024 em 117,8% e uma variação mensal de 2,7%, enquanto a pobreza foi de 52,9% durante o primeiro semestre daquele ano.
Os números do porta-voz se baseiam em projeções do Ministério do Capital Humano, que prevê que 38,9% da população viverá em condições de pobreza até o terceiro trimestre de 2024. O Indec revelará seus números em março.
“Este mesmo sindicato não fez nenhuma greve contra a gestão de (Alberto) Fernández e (Cristina) Kirchner (2019-2023), que saiu com uma inflação de 214% e uma acumulada que ultrapassou os 1.000%, a mais alta do mundo, destruindo salários dos trabalhadores”, apontou o porta-voz.
“Esses tipos de figuras sindicais farão parte apenas de uma má lembrança”, concluiu Adorni em referência ao sindicato La Fraternidad, liderado por Omar Maturano.