O pai da menina Maria Katharina Simões da Costa, de 10 anos, que foi encontrada morta em um estábulo no município de Palmeira dos Índios, em julho deste ano, foi denunciado pelo Ministério Público de Alagoas (MPAL) pelo comportamento agressivo com os filhos, como prática de tortura-castigo, maus-tratos e outros hábitos de punição de maneira severa, que podem ter instigado a criança a se suicidar.
Katharina foi deixada sozinha pelo pai na propriedade rural da família em 8 de julho. Ele foi investigado pela polícia, porém o laudo pericial apontou que a criança pode ter se enforcado na ausência dos parentes.
Segundo a denúncia do órgão estadual, o pai abandonou Katharina no estábulo, em situação de vulnerabilidade. Ele foi apontado como uma pessoa que aplicou tortura-castigo ao deixar os filhos passarem um período, entre noite e madrugada, nas baias dos cavalos, como forma de punição.
O MPAL destacou que todo o contexto de violência física, psicológica e verbal induziu e instigou a prática de suicídio de Katharina.
Mãe de Katharina fez denúncia
Maria Virgínia, de 48 anos, mãe de Katharina, fez uma série de acusações ao pai da criança no dia da reprodução simulada do caso, em setembro de 2024. “Não sei o que foi que aconteceu. Sei que encontrei minha filha morta. Isso me deixa muito atordoada. Estou fazendo perguntas sobre o porquê e não tenho resposta. Eu quero resposta e justiça. Isso não se faz nem com um animal, o que dirá com um ser humano, um anjo da minha vida. Tiraram a minha vida também junto com ela. Enterraram a minha vida junto com ela. Só quero justiça”, disse em entrevista ao TNH1.
“Ele espancava ela, ele batia nela. No dia [da morte da menina], o filho estava com ele. O menino, no depoimento, falou que ele bateu nela. E ele mentindo, dizendo que não bateu […] Até eu apanhava. O pequenininho também levava puxão de orelha, pendurado pela orelha. Ele batia muito nela. Batia nas mãos dela. Chamava coisa feia com ela. Quando ele batia nela, eu entrava no meio, aí apanhávamos nós três”, continuou o relato.
Após a menina ter sido encontrada morta, ela pediu a separação e uma medida protetiva contra o marido.
O caso
As possíveis circunstâncias da morte precoce de Maria Katharina intrigou a população de Palmeira dos Índios, onde a menina vivia com a família. Katharina havia sido deixada em casa, numa propriedade rural no Povoado Moreira, sozinha, enquanto os pais socorriam um irmão menor da menina à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da cidade. Os irmãos estavam brincando horas antes no estábulo, quando o menino se feriu e os pais o levaram para o médico. Ao retornar, a família já encontrou a menina enforcada.
Depois de ter sido encontrada enforcada, a menina também foi levada à UPA de Palmeira, mas já chegou na unidade hospitalar sem vida. O corpo de Katharina foi necropsiado no Instituto Médico Legal (IML) de Arapiraca, e a causa da morte informada pela Perícia Oficial foi o enforcamento.