Um relatório apresentado nesta quarta-feira (4) em Kiev, capital da Ucrânia, pelo Escritório do Alto Comissariado para os Direitos Humanos da ONU revela que a Rússia matou uma média de seis civis por dia nos últimos seis meses em território ucraniano, o que eleva o número total de civis mortos no país para cerca de dez mil desde o início da invasão russa.
“Mais de vinte meses após a invasão russa, os civis ucranianos continuam a pagar um preço terrível, com cerca de dez mil mortos e milhares de feridos”, afirmam as conclusões do relatório.
“Nos últimos seis meses, a guerra tem ceifado, em média, seis vidas civis por dia”, acrescenta o documento.
O relatório documenta os constantes “ataques com
mísseis contra áreas residenciais e infraestrutura crítica” e os
bombardeios russos contra a indústria de cereais e infraestruturas agrícolas,
que “continuam a semear o medo e a destruição” em toda a Ucrânia.
Torturas generalizadas, incluindo espancamentos, choques
elétricos, simulações de execuções, violência sexual e outras formas de
maus-tratos infligidas por forças russas a prisioneiros de guerra ucranianos e
civis nos territórios ocupados também são documentadas como violações
sistemáticas dos direitos humanos.
O relatório também denuncia chantagens sofridas pelos cidadãos ucranianos nas zonas ocupadas para que aceitem a cidadania russa, muitas vezes negando-lhes acesso a serviços básicos.
Os homens ucranianos nessas áreas enfrentam a ameaça de
serem enviados para a linha de frente para lutar ao lado russo contra as forças
armadas de seu próprio país.
Outro abuso destacado no relatório são as transferências forçadas de crianças e menores ucranianos, muitos sob cuidado do Estado ucraniano e com deficiências psíquicas e intelectuais, de uma zona ocupada para outra ou para o território russo.
Do lado ucraniano, o relatório expressa preocupação com os
cerca de oito mil processos penais abertos contra supostos colaboracionistas
até julho deste ano. Segundo os dados, a justiça emitiu sentenças condenatórias
em “quase todos” os casos julgados.
Os acusados são frequentemente pessoas que colaboraram com as autoridades russas em territórios ocupados pelo país de Vladimir Putin que foram posteriormente libertados pela Ucrânia. Muitos dos homens condenados pelo governo ucraniano afirmam que aceitaram cargos do governo russo “sob ameaças”.