A Perícia Criminal de Alagoas apontou que duas substâncias raticidas foram encontradas no estômago da professora Joice dos Santos Silva Cirino, de 36 anos, supostamente envenenada pelo ex-marido no município de São Brás. A vítima chegou a ser socorrida, mas morreu, no último dia 9, na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Porto Real do Colégio.
O resultado do exame de toxicologia realizado no Laboratório Forense do Instituto de Criminalística foi divulgado durante coletiva de imprensa realizada pelas Polícias Científica Civil, nesta sexta-feira (18).
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“Foram encontradas duas substâncias altamente tóxicas, são organofosforados – Terbufós e Sulfotep -, de comércio proibido em território nacional, principalmente como raticida e foi encontrada no conteúdo estomacal”, explicou o perito criminal Thalmanny Goulart.
Conforme o perito, esse tipo de substância misturada ao alimento passa despercebido por quem está consumindo.
“Essas substancia, pelo emprego recorrente, visa ludibriar a pessoa que faça a ingestão. São pequenos grânulos que, quando entram em contato a umidade, viram uma espécie de massa e a pessoa acaba ingerindo sem perceber. A depender do alimento, o paladar acaba se confundindo. O emprego dela, se fosse perceptível, não teríamos a recorrência dela no estado”, disse.
Até o momento, nove casos foram registrados em Alagoas com uso da mesma substâncias, sendo três este ano e seis de 2023.
Os peritos realizaram a perícia no material biológico fornecido pelo Instituto Médico Legal (IML) e no shake bebido pela vítima.
“É importante alertar a população ao uso irregular dessa substância, que tinha um emprego na agricultura, para controle de pragas em culturas de milho, feijão e cana-de-açúcar. Por ser tão tóxica, essa aplicação acaba tendo outras finalidades, principalmente, criminosas”, disse.
O delegado Rômulo Andrade, responsável pela investigação, disse que o suspeito saiu de casa no dia do crime, exclusivamente para pegar uma encomenda de 20 coxinhas, que suspostamente estavam envenenadas. Segundo ele, o ex-marido teria se desfeito do alimento, assim como as embalagens.
“O suspeito encomendou algumas mini coxinhas a uma pessoa do município, saiu de casa para pegar e levou para ser consumida pela esposa. Assim que ela começa a passar mal, vomitar e defecar sem parar, ele acaba socorrendo ela até o hospital – vamos verificar o tempo que levou para o socorro -, e lá, ele informou aos médicos que ela comeu uma coxinha e passou mal. Quando o médico constatou a morte, ele deu um laudo de intoxicação e acionou a polícia”, conta.
Durante o socorro da vítima, familiares dela estiveram no imóvel e fotografaram as coxinhas e a embalagem. Essas imagens foram entregues a polícia. No entanto, de acordo com o delegado, ao chegar no local, a perícia não localizou os objetos.
“O que chamou atenção é que ele chegou no hospital para prestar socorro, enquanto a irmã dela vai na residência e fotografa a coxinha. Quando o médico prepara a ambulância, ele pede para uma vizinha a acompanhar e voltou para casa. A Polícia Civil acredita que ele voltou para casa e se desfez do veneno e das coxinhas, que seriam periciadas. Ele voltou para o hospital uma hora depois, acompanhada de uma parente que é advogada. Então, o médico anuncia a morte da Joice e ele volta para casa descansar”, disse.
O suspeito, de 40 anos, foi está preso. Ele foi capturado na residência de uma tia, em cumprimento a mandado de prisão expedido pela Vara do Único Ofício de Porto Real do Colégio. Em depoimento, ele negou ter cometido o crime. Agora, ele se encontra sob custódia da Polícia Civil e à disposição do Poder Judiciário.