sexta-feira, 14 março 2025

Polícia conclui inquérito sobre execução do delator do PCC e indicia seis por homicídio

Data:


Polícia conclui inquérito sobre execução do delator do PCC e indicia seis por homicídio

DHPP ainda pediu à Justiça a conversão dos mandados de prisão temporária de todos os seis suspeitos em preventiva.

Cabo Denis Martins e soldado Ruan Rodrigues são apontados como os atiradores que mataram Vinicius Gritzbach. Tenente Fernando Silva ajudou eles a fugir em carro, segundo a força-tarefa. FOTO: Reprodução

O Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) concluiu o inquérito da execução de Antonio Vinicius Lopes Gritzbach, delator da facção criminosa PCC executado a tiros no Aeroporto Internacional de São Paulo, e indiciou seis pessoas pelo crime. Também foi pedida à Justiça a conversão da prisão temporária de todos eles em preventiva (sem prazo determinado).

O relatório da investigação foi finalizado com 486 páginas, onde os investigadores detalham as provas colhidas ao longo dos quatro meses de investigação.

Tiveram a prisão preventiva pedida à Justiça:

Emílio Carlos Gongorra, o Cigarreira – apontado como traficante e mandante do crime (foragido);

Diego Amaral, o Didi – apontado como mandante do crime (foragido);

Kauê Amaral – apontado como olheiro do aeroporto (foragido);

Cabo Denis Antônio Martins – apontado como executor (preso);

Soldado Ruan Silva Rodrigues – apontado como executor (preso);

Tenente Fernando Genauro – motorista do carro que levou os atiradores até o aeroporto (preso).

Os PMs Denis, Ruan e Fernando estão presos em regime temporário. Os outros três ainda não foram localizados pela polícia.

Segundo o DHPP, Gritzbach foi assassinado por vingança. A investigação aponta que Emílio decidiu matar o desafeto para vingar a morte de Anselmo Santa Fausta, traficante de drogas assassinado numa emboscada em 2021.

A morte do amigo, o suposto desfalque financeiro e ainda a delação premiada assinada por Gritzbach com o Ministério Público levaram Emílio a arquitetar a execução efetuada em 8 de novembro do ano passado.

Na investigação foram analisadas 6 terabytes de material e 20 mil páginas de inquérito. As provas incluem extração de dados de celulares, cruzamento de dados telemáticos e bancários, imagens de câmeras e rastreamento de deslocamentos.

A polícia ainda encontrou um pagamento de até R$ 3 milhões pela execução do crime.

PMs presos

Os policiais militares apontados como executores foram indiciados na segunda-feira (11) pela força-tarefa da Secretaria da Segurança Pública (SSP).

O empresário que delatou traficantes do PCC à Justiça foi morto com tiros de fuzil em 8 de novembro de 2024 em frente ao Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, na região metropolitana. O crime foi gravado por câmeras de segurança.

Os agentes da PM indiciados pela Polícia Civil são: o cabo Denis Antonio Martins (executor), o soldado Ruan Silva Rodrigues (executor) e o tenente Fernando Genauro da Silva (motorista). Os três estão presos no Presídio Romão Gomes da Polícia Militar (PM), na Zona Norte de São Paulo.

O indiciamento foi por homicídio quintuplamente qualificado pelas seguintes razões:

Motivo torpe (para causar pânico e demonstrar o poderio de Organização Criminosa de âmbito nacional);

Uso de meio que possa resultar perigo comum (utilização de armas de calibre restrito no aeroporto mais movimentado da América Latina, em plena luz do dia e horário de movimento);

Por emboscada ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido (execução no desembarque do aeroporto, em frente à família da vítima);

Assegurar a ocultação, impunidade ou vantagem de outros crimes;

E com emprego de armas de fogo de uso restrito (fuzis calibres 7,62×39 e .556 NATO);

Segundo os investigadores, não há dúvidas de que os três PMs agiram com intenção de matar Gritzbach e assumiram o risco de matar e ferir outras vítimas ao atirarem com armas de uso restrito em frente ao maior e mais movimentado aeroporto do pais em número de passageiros e aeronaves. Um motorista de aplicativo foi morto por uma bala perdida durante o ataque contra o empresário.

Além disso, segundo a polícia, os PMs também responderão por “associação criminosa”.

Depois do parecer da Promotoria, o documento seguirá para a Justiça decidir se decreta as prisões dos envolvidos.

As investigações de outras pessoas que participaram de algum forma da execução de Gritzbach no aeroporto, como financiamento do crime e omissão na escolta do empresário, serão objeto de outro inquérito policial.

Policiais civis presos

No último dia 27 de fevereiro, a Justiça tornou rés 12 pessoas, sendo oito policiais civis, por envolvimento com o PCC, lavagem de dinheiro, tráfico, corrupção e diversos outros crimes. A investigação tem ligação com o caso Gritzbach.

Segundo a investigação do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do MP, os acusados atuavam em conluio com o Primeiro Comando da Capital, usando a estrutura do Estado para favorecer a facção criminosa.

Além da denúncia, o MP pediu que os acusados paguem ao menos R$ 40 milhões em razão do “dano causado pelos crimes cometidos, bem como ao ressarcimento por dano moral coletivo e dano social”.

Enquanto os policiais garantiam a impunidade de criminosos e desviavam investigações, os “particulares” enriqueciam com atividades ilegais.

Segundo o MP, delegados e investigadores se uniram a criminosos para transformar órgãos como a Polícia Civil em instrumento de enriquecimento ilícito e proteção ao crime organizado.

A atuação do esquema na organização criminosa não se limitava a corrupção e lavagem de dinheiro. Os envolvidos também praticavam tráfico de drogas, homicídios e sequestros. Um dos exemplos citados na denúncia é o assassinato de Gritzbach.

Gritzbach delatou alguns dos denunciados. Veja abaixo quem são os réus:

Ademir Pereira de Andrade

Ahmed Hassan Saleh

Eduardo Lopes Monteiro (investigador da Polícia Civil)

Fabio Baena Martin (delegado da Polícia Civil)

Marcelo Marques de Souza (investigador da Polícia Civil)

Marcelo Roberto Ruggieri (investigador da Polícia Civil)

Robinson Granger de Moura

Rogerio de Almeida Felicio (policial civil)

Alberto Pereira Matheus Junior (delegado da Polícia Civil)

Danielle Bezerra dos Santos

Valdenir Paulo de Almeida (policial civil)

Valmir Pinheiro (policial civil)

A TV Globo tenta localizar as defesas dos citados para comentarem o assunto.

Quem é Gritzbach

Vinicius Gritzbach foi um empresário do ramo imobiliário investigado pelas autoridades por lavar dinheiro do PCC. Ele havia feito um acordo de delação premiada com o Ministério Público para não ser condenado por associação criminosa. Responderia somente pela corrupção.

Em troca, Gritzbach revelou os nomes das pessoas ligadas à facção criminosa e à polícia que extorquiram dinheiro dele. Essa investigação está sendo feita pela Polícia Federal (PF).

A apuração sobre o assassinato do empresário é conduzida pela Polícia Civil, especificamente pelo Departamento Estadual de Homicídios e Proteção à Pessoa.

‘Cigarreira’ é apontado pela polícia como o principal mandante do assassinato de Vinicius Gritzbach. Segundo a investigação do DHPP e da Promotoria, ele contratou policiais para executarem a tiros Gritzbach.

FONTE: g1

O conteúdo de cada comentário é de responsabilidade de quem realizá-lo. Nos reservamos o direito de reprovar ou eliminar comentários em desacordo com o propósito do site ou com palavras ofensivas. A qualquer tempo, poderemos cancelar o sistema de comentários sem necessidade de nenhum aviso prévio aos usuários e/ou a terceiros.





Fonte: Portal Acta

spot_imgspot_imgspot_imgspot_img

Mais Lidas

Leia Também
Relacionadas

Confira a previsão do tempo para o sábado (15/03) e domingo (16/03) em Alagoas

Informações são da Semarh. Previsão do tempo. FOTO: reprodução Confira...

Neymar é cortado da Seleção Brasileira por Dorival Júnior

Jogador ainda não se recuperou de lesão na...

Briga em academia termina em arremesso de pesos em MS

De acordo com um dos envolvidos, desentendimento começou...

Criança de 1 ano morre afogada na piscina de casa em Marechal Deodoro

Caso foi registrado na quinta (13). Polícia Civil investiga...