Por TNH1 com TV Pajuçara
A Polícia Civil de Alagoas trabalha com duas linhas de investigação sobre a morte de Márcio Vieira Rocha, 38, motorista de transporte por aplicativo que foi encontrado morto apenas de cueca em canavial, na madrugada da quarta-feira, 20, no bairro Cidade Universitária, na parte alta de Maceió. O delegado Thiago Prado informou nesta quinta-feira, 21, ao Fique Alerta, que a vítima sofreu cerca de 20 facadas.
“A gente trabalha com duas hipóteses. A primeira delas é latrocínio: roubo seguido de morte. Considerando que o Márcio foi assassinado enquanto exercia sua profissão de motorista por aplicativo. Mas não descarta-se a outra possibilidade, que é o homicídio. E aí existem vários motivos que podem acontecer na vida de uma pessoa, como desavenças, dívidas, questões patrimoniais, familiares, passionais. Todos esses pontos estão sendo levantados neste momento. Esses primeiros dias são cruciais para que possamos identificar quais desses motivos podem ter levado alguém a atrair o Márcio para uma emboscada, levá-lo até um canavial, tirar a sua roupa e assassiná-lo com aproximadamente 20 golpes de arma branca”.
A polícia já começou a ouvir testemunhas e está em buscas de imagens que possam ajudar na apuração do caso.
“As equipes estão nas ruas para coletar imagens do último trajeto feito pela vítima. A vítima teve o último sinal de contato às 03h23 da madrugada de ontem e, aproximadamente às 04h20, 04h30, foi quando seu veículo foi desligado e encontrado horas depois no canavial do bairro Cidade Universitária, em Maceió. Tudo isso é com base nos dados de GPS que esse veículo possuía. Estamos fazendo essa análise, reconstruindo esse trajeto para que então a gente busque imagens que possam auxiliar na investigação”, detalhou o delegado.
Os investigadores estão em contato também com as plataformas de aplicativo para tentar identificar mais informações.
“Esses dados estão sendo buscados justamente com as operadoras e os aplicativos de corrida para que a gente consiga mais informações e assim trabalhá-las a ponto de identificar quais foram os últimos clientes, a última trajetória, forma de pagamento. Todos esses detalhes são imprescindíveis para a investigação”.
O delegado contou que o motorista se envolveu em um acidente com um motociclista há cerca de um mês, mas o condutor da moto não é considerado suspeito e estava trabalhando no momento em que o motorista foi morto.
“Foi um ponto importante levantado pela família. Neste momento, a gente identifica todos esses pontos para exaurir. Contou-se que havia um motociclista, que colidiu com o carro da vítima há cerca de um mês. E que teria feito um prejuízo por conta dessa colisão. Porém, o que observamos é que eles tinham feito um acerto. Esse motociclista vinha pagando, inclusive, a parcela desse prejuízo. A primeira parcela, que foi vencida no dia 30 de outubro, foi paga por esse motociclista. A próxima a ser paga seria no dia 30 deste mês. Então, não havia a princípio uma motivação que levasse a uma morte tão cruel da forma que aconteceu ali no canavial. Identificamos que esse motociclista estava em seu local de trabalho na madrugada de ontem, dia 20. Então, não há, neste primeiro momento, suspeita em relação a essa pessoa”.
Questionado sobre a agressividade das facadas e o fato do motorista ter sido encontrado seminu, o delegado opinou que ainda não pode descartar possíveis motivações.
“São circunstâncias que em um primeiro momento não se compatibilizam com o crime de latrocínio. Porém, não são anulatórios, não descartam em absoluto. Tudo pode ter acontecido na cena do crime, haja vista que cada autor é diferente um do outro. O que se sabe é que no crime de latrocínio, a violência empregada que resulta na morte não é movida por muito ódio, por rancor em relação à vítima, porque não existe relação entre autor e vítima, é uma relação circunstancial apenas naquele momento. Então, a gente não costuma ver muitos golpes ou tiros em quantidade. Mas como eu disse, não descarto que possa ter havido uma reação da vítima para defender-se, uma reação às vezes agressiva, ou então as facadas que foram desferidas não foram suficientes para neutralizar a vítima naquele primeiro momento. Tudo isso são perguntas feitas neste primeiro momento da investigação e que são respondidas justamente com a conclusão do caso”.
De acordo com Thiago Prado, o celular da vítima não foi encontrado no local onde estava o cadáver e o carro.
Veja abaixo outros detalhes respondidos pelo delegado Thiago Prado sobre a investigação:
Mais de um suspeito – “Dificilmente um crime como esse, cometido com arma branca, dentro de um veículo, dificilmente foi cometido por apenas uma pessoa. A gente parte da linha de dois ou mais indivíduos que entraram no veículo da vítima, abordaram ele, conseguiram fazer com que ele fosse conduzindo seu próprio veículo até aquele canavial e lá desferiram os golpes de arma branca. Basta saber o propósito desse crime, o que levou a matar a vítima. Se foi por conta de uma reação da vítima, se foi por pura vontade de executar ali um trabalhador ou por outra motivação. E, claro, quem foram essas pessoas. Esse é o trabalho que a investigação está realizando neste momento”.
Tentativa de incendiar carro não matou a vítima – “O que levou o Márcio a óbito foram as lesões provocadas por arma branca. Muitas dessas lesões foram realizadas em pontos vitais, a exemplo de pescoço, cabeça e tórax. Esses pontos de ignição de incêndio, nós identificamos em três: um no interior do veículo, um na entrada do tanque de combustível e um no motor. Demonstra-se que não é um criminoso experiente no que fazer, se era esse o desejo do autor do crime, ou seja, incendiar o corpo… Se fosse algo premeditado, teria estudado melhor e buscado instrumentos mais apropriados para realizar um incêndio do veículo”.
Impressão digital – “Diversas evidências foram coletadas no local pela Polícia Científica, esperamos que a partir disso possa ser identificada uma impressão digital para que a gente venha confrontar com nosso hall de suspeitos que irá aparecer ao longo da investigação”.