O presidente da Coreia do Sul, Yoon Suk-yeol, que foi afastado do cargo no mês passado após tentar aplicar uma lei marcial, foi detido nesta quarta-feira (15) após horas de negociação entre sua equipe de segurança e a polícia.
Um grande contingente policial cercou a residência de Yoon durante as negociações para que os agentes pudessem entrar e para que ele colabore com as investigações de insurreição das quais é alvo.
Yoon foi preso às 10h33 (horário local, 22h33 de terça-feira em Brasília), horas depois que a polícia e membros do Escritório de Investigação de Corrupção de Funcionários de Alto Escalão (CIO) chegaram à sua residência no início desta manhã em uma segunda tentativa de prendê-lo, após a tentativa frustrada do início deste mês.
Após ser detido, Yoon afirmou que estava apenas “cooperando” com o que chamou de uma “investigação ilegal” para evitar violência.
Essa é a primeira vez na história da Coreia do Sul que um presidente em exercício é preso.
Yoon ficou confinado por semanas em sua residência desde que o Parlamento sul-coreano começou a votar seu impeachment devido à declaração de lei marcial em 3 de dezembro, acompanhado de uma segurança presidencial que bloqueou qualquer tentativa anterior de prisão.
Nesta terça-feira (14), o Tribunal Constitucional iniciou a primeira audiência formal do julgamento sobre seu impeachment, no entanto Yoon, mais uma vez, não compareu, o que levou a corte a encerrar a sessão.
A primeira audiência do processo para determinar se a destituição de Yoon é definitiva ou não foi encerrada apenas quatro minutos após seu início, devido à ausência do acusado.
O Tribunal Constitucional tem 180 dias para decidir se mantém a destituição de Yoon ou se restabelece suas funções, um período cuja contagem regressiva começou em 14 de dezembro, quando o caso foi aberto. Caso a destituição seja confirmada, eleições presidenciais antecipadas deverão ser convocadas no prazo máximo de 60 dias.
Paralelamente aos procedimentos do Tribunal Constitucional, que determinarão a validade da destituição de Yoon pelo Parlamento em 14 de dezembro, o presidente enfrenta outra investigação criminal realizada pelo gabinete anticorrupção, a polícia e o Ministério da Defesa por um suposto crime de insurreição ligado à sua caótica declaração de lei marcial.
O presidente foi levado nesta quarta-feira de sua residência em Yongsan, no centro de Seul, para a sede do CIO em Gwacheon, no sul, para prestar depoimento, mas “está se negando a falar”, segundo disse uma fonte do escritório anticorrupção à agência de notícias Yonhap.
O vice-diretor do CIO, Lee Jae-seung, conduziu as primeiras duas horas e meia de interrogatório, sem sucesso.
O escritório anticorrupção tem 48 horas para interrogar Yoon, mas ainda pode solicitar uma ordem para estender sua detenção.
O presidente deve permanecer por enquanto no Centro de Detenção de Seul, em Uiwang, perto da sede do CIO.