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Quem é o francês que dopou e estuprou a esposa junto com outros homens

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Durante muitos anos, ela lutou por justiça para duas mulheres que foram vítimas de provações violentas na década de 1990.

Mais de 20 anos antes dos estupros pelos quais foi condenado agora — em 1999 —, Pelicot foi acusado de agredir e tentar estuprar uma agente imobiliária de 23 anos, conhecida pelo pseudônimo de Marion, nos subúrbios de Paris. Ela conseguiu revidar e escapar do agressor.

Ele acabou admitindo que estava presente na cena do crime em 2021, depois que o DNA dele foi finalmente encontrado — em uma mancha de sangue no sapato da vítima. Mas ele continua negando que tenha tentado estuprá-la, e a investigação continua.

“Quando disseram a ele que seu DNA havia sido encontrado na cena do crime, ele disse: ‘Sim, sou eu'”, recorda Rault.

E essa descoberta rapidamente levou à conexão com um caso ainda mais antigo. Em 1991, outra jovem agente imobiliária, Sophie Narme, havia sido estuprada e assassinada. Embora a evidência crucial de DNA tenha desaparecido, as semelhanças entre as cenas são tão impressionantes que Pelicot está sendo investigado pelo crime, que ele nega. Uma busca por outras possíveis conexões com crimes mais antigos também está em andamento.

Rault não está esperando mais nenhuma confissão de Pelicot em relação aos casos antigos.

“Até que ele seja confrontado com evidências incontestáveis, ele vai negar [tudo]”, disse Rault, que uma vez sentou-se ao lado de Pelicot em uma audiência, e ficou impressionada, assim como Layet, com seu comportamento ‘relaxado, bastante sereno’.

Rault agora o observou no tribunal de Avignon, e notou o mesmo comportamento. Ela também viu como Pelicot negou enfaticamente, em meio a lágrimas, ter drogado e estuprado a própria filha, Caroline, apesar de ter tirado fotos profundamente perturbadoras dela dormindo, e sem o seu conhecimento.

“Ela está convencida de que ele também abusou sexualmente dela. Mas como não temos nenhuma evidência formal, como DNA, para apresentar a ele, é claro que ele vai continuar a negar”, afirmou Rault, argumentando que, para Caroline, a agonia da incerteza era tão cruel e traumática quanto o sofrimento de uma vítima que sabia exatamente o que havia acontecido com ela.

A atitude de Pelicot em relação à família no tribunal foi muitas vezes reveladora. Layet destacou que o acusado se concentrava narcisisticamente no amor que sua esposa e filhos sentiam por ele, e não em sua traição à confiança deles.

Para Pelicot, isso “começou como uma história de amor”, e ele “não quer que isso seja ignorado”, observou o psiquiatra.

Mas Rault tinha ido ao tribunal em busca de outros sinais. Acima de tudo, ela queria confirmar sua sensação de que os crimes de Pelicot foram altamente premeditados.

“Os estupradores em série… geralmente têm um impulso. Eles cometem o estupro. Vão embora, e depois se esquecem. Este não é o caso de [Pelicot] de forma alguma”, ela disse.

Rault relembrou as ações metódicas do agressor de Marion dentro da agência imobiliária em 1999. A maneira como ele havia arrumado uma desculpa para voltar ao carro — quase certamente para pegar uma corda e um frasco de éter para dopá-la.

Em seguida, Rault observou que o homem na cela de vidro no tribunal de Avignon demonstrou um autocontrole semelhante — e viu isso como mais uma prova de que se tratava de um criminoso profundamente calculista.

“Quando ele diz que tem impulsos, e age por impulso, não é nada disso. Ele é muito calmo.”

No mesmo dia em que Rault esteve no tribunal de Avignon, eu estava sentado perto dela. Gisèle Pelicot estava a alguns metros à nossa direita. Dezenas de acusados estavam sentados à nossa frente. Dominique Pelicot estava no lado esquerdo da sala.

Durante um intervalo, fui até ele. De acordo com a lei francesa, os jornalistas não têm permissão para falar com o acusado. Em vez disso, fiquei de pé por um tempo, e o observei sentado em sua cadeira, atrás da parede de vidro, com uma mão na bengala.

Até que ele virou a cabeça na minha direção, e olhou fixamente para mim por 20 segundos, embora tenha parecido muito mais tempo.

Sua expressão não mudou. Ele não pareceu piscar. E então, como um homem entediado que troca canais de televisão igualmente entediantes, ele desviou o olhar.



Fonte: TNH1

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