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Três anos sem Marília Mendonça: relembre trajetória da Rainha da Sofrência

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A cantora Marília Mendonça já tinha mais de 10 anos de carreira na música — entre trabalhos de intérprete e compositora — quando faleceu em um acidente de avião aos 26 anos, em 2021, data que completa três anos nesta terça-feira (5).

Sua trajetória colecionou grandes sucessos, prêmios, recordes e lançamentos e deixou marcas na história do gênero sertanejo e no movimento do feminejo, em que foi um dos grandes expoentes, ganhando o apelido de Rainha da Sofrência.

De acordo com a descrição de seu perfil na plataforma do Spotify, ela “apresentou ao país uma nova linguagem, falava de maneira direta com o público, exaltou a mulher sem desmerecer os homens. Precisa em seu canto, nas suas falas e em suas atitudes, mostrou que é possível realizar sonhos calcados em sua própria verdade. Encantou pessoas comuns e artistas de todos os seguimentos.”

Antes do sucesso

Wander Oliveira, fundador do escritório de gerenciamento de carreiras artísticas Work Show e seu primeiro empresário, contou em entrevista ao canal do Youtube André Piunti que ela entrou em contato com ele ainda adolescente com uma coletânea de músicas.

“O disco tinha dez músicas gravadas, todas autorais. Eu achei que a música não tinha uma qualidade comercial tão grande, mas para uma menina de 13 anos era um fenômeno”, disse.

Mesmo ainda não investindo em sua carreira como cantora, Oliveira a contratou para compor para o escritório, pagando um salário de cerca de R$ 3 mil.

“Eu demorei para gravar a Marília por achar que colocar uma menina daquela cidade na estrada era muito difícil. A mãe tinha um irmão que era mais novinho, então não teria como ir e a gente precisava de pessoas para acompanhá-la na estrada”, relatou o empresário.

Entretanto, quando Wander achou que era o momento certo para lançá-la, o sucesso, segundo ele, foi certeiro.

“Eu sempre tive muita certeza da Marília, porque ela era muito acima da média […] era muito diferente”, disse o fundador da Work Show.

Sobre o segundo show da cantora, na capital de Goiás, ele narra que “Era a cidade dela, ela estava nervosa. Quando foi cantar [a música ‘Alô Porteiro’], começou a chorar e não deu conta de continuar. E aí ela parou e a boate inteira cantou a música toda. Quando terminou, começaram a bater palmas para cima e gritar ‘Marília’. Ali, era nítido que ela seria uma grande cantora, que era impossível não fazer sucesso”.

Carreira

O primeiro EP de Marília Mendonça foi lançado em 2014, tendo faixas como “Alô Porteiro”, “O Que Falta em Você Sou Eu” e “Sentimento Louco” integrando o repertório.

Nos anos seguintes, lançou singles em parceria com nomes já consolidados no mercado da música sertaneja: “Impasse”, com a dupla Henrique & Juliano, e “Vou Levando a Minha”, em um feat com Gusttavo Moura & Rafael.

No total, a Rainha do Sertanejo lançou sete álbuns e 11 EPs, além de dezenas de singles. Ela cantou ao lado de nomes do sertanejo como Maiara e Maraísa — com quem teve o projeto “Festa das Patroas” –, Dulce María, Anitta, Bruno & Marrone, Zezé Di Camargo, entre outros.

A carreira de compositora de Marília Mendonça não ficou para trás no número de sucessos. O Ecad (Escritório Central de Arrecadação e Distribuição) divulgou em 2022 que havia 335 obras musicais e 444 gravações de Marília Mendonça cadastradas em seu banco de dados.

Ainda, Maiara, dupla de Maraisa, comentou que tem guardada mais de 30 músicas compostas com a Rainha que ainda não foram lançadas.

Ela foi responsável pela letra de grandes sucessos gravados na voz de outros artistas do sertanejo como “Calma”, de Jorge & Mateus, “Flor e Beija Flor” e “Cuida Bem Dela”, de Henrique & Juliano, e “É Com Ela Que Eu Estou”, de Cristiano Araújo.

Reconhecimento póstumo

“Continuamos com o trabalho como se Marília ainda estivesse conosco e, curiosamente, o faturamento continua. A Marília é uma artista que ainda gera renda. Ela não faz show, mas a parte digital dela é uma das mais rentáveis”, comentou o empresário Wander Oliveira.

Após sua morte, no dia 5 de novembro de 2021, foram lançados três EPs do projeto “Decretos Reais”, com músicas que a cantora deixou gravada antes do acidente.

Neles, estão os sucessos “Te Amo Demais”, “Morango do Nordeste” e o estrondoso sucesso “Leão“, em parceria com o rapper Xamã, que, de acordo com dados de 2023 do Ecad, foi uma das músicas mais executadas nos shows realizados no Brasil. Os dois, inclusive, destronaram Luan Santana e Miley Cyrus.

No momento, a música já passou dos 449 milhões de plays no Spotify e 395 milhões no Youtube.

Seu álbum póstumo, “Decretos Reais”, lançado em maio de 2023, venceu o Grammy Latino 2023 na categoria de Melhor Álbum de Música Sertaneja.

“Lembramos e falamos dela todos os dias e sempre desenhamos projetos para ela. Se eu disser que a vida voltou ao normal, é mentira. Esse vazio vai existir para sempre, essa lacuna vai estar sempre ali”, concluiu Wander.



Fonte: TNH1

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