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Vocês estão andando na rua e seu filho caí. Você…

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					Vocês estão andando na rua e seu filho caí. Você...
Lilian Barreto Cunha é psicopedagoga. Reprodução
  • dá risada
  • critica ele, dizendo que é desastrado
  • diz que não foi nada e que é para parar de chorar, porque logo sara
  • conversa com ele para entender se ele está bem, diz que não foi nada e que é para parar de chorar, porque logo sara
  • conversa com ele para entender se ele está bem, dá informação do que aconteceu, diz a ele que ele está assustado, que se machucou, que seu coração está acelerado, enfim, o localiza na situação de susto, e o tranquiliza dizendo que você está ali com ele, e que vai ajudá-lo a se levantar.

As crianças veem os adultos como referência para tudo o que vivem, porque grande parte do que vivem é novidade para eles, e eles miram em nós, pais, especialmente, para aprender a lidar com as situações de novidade. Imitar o adulto é fazer o que é certo do jeito certo, mesmo que ao longo do tempo – geralmente na adolescência – percebam que há outros modos de fazer uma mesma coisa, e talvez, só talvez, o modo como aprendeu a reagir com seus pais a determinadas situações lá atrás na sua infância, seja a maneira errada.

A percepção de mundo de todos nós é construída na infância, pelos adultos que nos cercam, especialmente, nossos pais. Por isso, o ambiente age como forte influência para como lidaremos com nosso dia a dia, com nossos relacionamentos, com nosso trabalho, nossos compromissos e sonhos, mas acima de tudo, com a gente mesmo. Ele é a nossa visão de mundo. Como disse acima, nada disso é imutável, conforme crescemos, podemos escolher novos caminhos para percorrer, mas convenhamos que tudo isso acaba por ser mais árduo e machuca bem mais refazer o trajeto.

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Escolher a última opção das possibilidades citadas no início do texto vai muito além de ser gentil. Ao tratarmos nosso filho de maneira respeitosa, integramos os fatos ocorridos, montamos o quebra-cabeça, o ajudamos na elaboração do ocorrido e também do que ele sente, pois damos nomes aos bois. Nomeamos o conteúdo concreto (nosso hemisfério esquerdo, mais racional) e o emocional (nosso hemisfério direito, mais emocional). Ninguém gosta de cair, dói no joelho, mas também chacoalha nossas emoções, e dói no coração. E tanto faz a idade que você tenha: é em quase todas as vezes frustrante e assustador, pois em um momento, estamos de pé, e de repente, no chão, assustado e sangrando, e pior: com todos nos olhando.

Experiências da nossa infância ainda nos perturbam muitas vezes, pois não tivemos um adulto emocionalmente presente para nos explicar o que acontecia conosco ou ao nosso redor. Fizemos a nossa própria leitura dos fatos, chegamos às nossas conclusões, na maioria das vezes sem muita ou nenhuma explicação. Por fim, muitos de nós tivemos a certeza de sermos os culpados da separação dos pais, do dente quebrado da prima ou da briga do vizinho. Porque criança é assim: tem pouca vivência, mas muita imaginação. Os que não se colocaram como culpados, se viram em perigo, pois nosso cérebro primitivo é assim mesmo numa situação de medo e só enxerga três possíveis caminhos: fugir, atacar ou paralisar. E assim, tendo uma dessas três reações, aprendeu a sobreviver, e possivelmente, age de maneira similar a toda situação semelhante até hoje, mesmo adulto.

Sim, sobrevivemos, estamos todos aqui, talvez não tão bem, mas estamos. E não, não é sobre alimentar a tal geração mimimi, mas é reconhecer e afirmar que todos gostamos e necessitamos ser informados do que ocorre conosco ou ao nosso redor, caso contrário, não assistiríamos ao noticiário, não ficaríamos curiosos com uma fofoca, e todos passaríamos numa velocidade normal ao lado de um acidente na estrada, sem piorar o congestionamento. No entanto, não o fazemos, exatamente porque queremos ser informados, saber se estamos em perigo.

Não precisamos repetir o erro que nossos pais. Fizeram o melhor que puderam, mas erraram nesse quesito, tanto quanto nossa geração de pais ainda erra em tantos outros ou mais. É como diria nosso amigo do cabelo arrepiado e bigodudo, conhecido como Albert Einstein:

“A vida é como jogar uma bola na parede:

Se for jogada uma bola azul, ela voltará azul;

Se for jogada uma bola verde, ela voltará verde;

Se a bola for jogada fraca, ela voltará fraca;

Se a bola for jogada com força, ela voltará com força.

Por isso, nunca “jogue uma bola na vida” de forma

que você não esteja pronto a recebê-la.

A vida não dá nem empresta;

não se comove nem se apieda.

Tudo quanto ela faz é retribuir e transferir

aquilo que nós lhe oferecemos”.

Se suas memórias de infância ainda te machucam, por serem embaçadas e um adulto para lhe oferecer uma explicação, decifrar o que acontecia ao seu redor, não precisa continuar jogando a mesma bola azul que nossos pais jogaram com seu filho: experimente uma amarela dessa vez na sua paternidade/maternidade. Faça diferente para ter resultados diferentes. E isso, não sou só eu quem sugere: um cara cientificamente bom em estudar fenômenos, suas causas e consequências, também cantou essa bola.

Por Lilian Barreto Cunha

Psicopedagoga & Orientadora Parental

Instagram: @lilianbarretopsicoparental

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*Os artigos assinados são de responsabilidade dos seus autores, não representando, necessariamente, a opinião da Organização Arnon de Mello.



Fonte: Gazetaweb.com

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