O governo brasileiro protocolou na Organização Mundial do Comércio (OMC) uma solicitação formal de consultas em resposta à decisão do governo dos Estados Unidos de impor uma tarifa de 50% sobre produtos importados do Brasil. A medida foi anunciada após críticas públicas do presidente Trump ao tratamento dado ao ex-presidente Jair Bolsonaro e à atuação do STF.
Fundamentação da ação brasileira
O Itamaraty e o Ministério da Economia apresentaram a queixa com base no entendimento de que as tarifas são usadas como instrumento de coerção política, em desacordo com as regras multilaterais de comércio. Autoridades ressaltaram que o Brasil pretende defender os interesses dos exportadores afetados, especialmente após o impacto esperado sobre setores como café, carne, suco de laranja e produtos aeroespaciais.
Em reunião na OMC, o embaixador Philip Gough condenou o uso de tarifas como meio de pressão externa e recebeu apoio de cerca de 40 países, incluindo integrantes do BRICS, União Europeia e Canadá, que enxergam risco à estabilidade da ordem comercial global.
Estratégia e contexto diplomático
Desde o início da crise — iniciada com a imposição de tarifas de 10% em abril sobre aço e alumínio — o governo brasileiro avaliou todas as alternativas, incluindo a Lei da Reciprocidade. No entanto, optou por priorizar a diplomacia e o multilateralismo, evitando retaliações imediatas que pudessem ampliar tensões comerciais.
A estratégia do governo também inclui mobilizar instâncias plurinacionais como BRICS, G20 e Mercosul para fortalecer o respaldo político internacional, sem abrir mão de uma postura firme sobre a independência do Judiciário e a soberania do país.





