O rádio é uma dessas paixões que a gente não consegue explicar direito. É uma conexão invisível, uma conversa que atravessa a distância, a solidão de quem ouve e a emoção de quem fala. Para muitos, o rádio é só uma voz no ar; para mim, é história, é encontro, é coração. Hoje, no Dia do Radialista, revisito meu caminho neste universo fascinante e incansável.
Comecei no rádio, guiado por vozes lendárias que moldaram meu amor pela comunicação. Jurandir Costa e Jorge Lins me ensinaram o tom, a intensidade, a forma de lidar com a emoção de quem está do outro lado. Em cada transmissão, na companhia de mestres como Elisio Silva e Antônio Guimarães, aprendi que o rádio vai além das palavras. É uma troca. A gente empresta a voz, mas recebe de volta o silêncio atento, a respiração suspensa e a companhia que nos escuta como um amigo antigo.
Depois, veio uma verdadeira universidade: Walmari Vilela no rádio esportivo. Ali, aprendi a dosar o fervor com o raciocínio rápido, a emoção com a precisão. Era a tarefa de não só contar uma história, mas de fazê-la vibrar na mente de cada ouvinte. A bola rolava, o tempo corria e nós éramos os olhos e o coração de quem não podia ver, mas podia sentir.
Então, a vida me levou para mais um sonho: alinhar rádio, TV e internet. E ali, me vi na grande transição, desafiado a substituir ninguém menos que Antônio Torres, o homem cuja voz embalou minha própria adolescência. Cada vez que falava, me lembrava de que aquele garoto que um dia o ouvira, agora levava adiante a paixão que ele tanto admirava.
Depois vieram outros encontros excepcionais: César Pita, com sua sensibilidade, e pude ter como colega de emissora a grande Floraci Cavalcante, a dama do rádio, uma presença que fez meu respeito pela profissão crescer ainda mais.
O rádio mudou. É imagem, é rede social, é outra era. Mas ali, na essência, ainda está aquele espaço sagrado de quem escuta com os olhos fechados, com a mente desperta e o coração aberto. Agora, retorno a este ofício ao lado de outros gigantes: Rogério Costa, Warner Oliveira, Marcelo Rocha, Orlando Batista. Ícones, amigos, vozes que ecoam junto à minha.
O que me prende ao rádio não é só a profissão. É o amor incondicional por este universo onde cada segundo é contato, cada palavra é sentimento e cada silêncio, uma espera. Não importa quantas mudanças o rádio atravesse, a conexão que ele gera é única. Eu amo ser radialista porque o rádio é como a vida: não se vê, mas se sente. É companhia em tempos solitários, é calor em dias frios, é a presença que está sempre ali. E é, sobretudo, a paixão que nunca se cala.