GUILHERME DORINI
LONDRES, INGLATERRA (UOL/FOLHAPRESS) – Todd Boehly já desembolsou mais de 1,3 bilhão de libras (aproximadamente R$ 10 bilhões) em mais de 40 reforços, mas ainda tenta entender como se joga o jogo fora das quatro linhas. Dono do Chelsea desde 2022, o empresário americano acumula um certo sucesso no beisebol, basquete e até no críquete -mas no futebol, sua primeira experiência tem sido turbulenta.
Ele trocou dirigentes, demitiu ídolos, contratou estrelas e apostou em promessas -e mesmo assim ainda não conseguiu entregar uma temporada que convença a torcida de que há, de fato, um plano por trás da gastança.
Dois anos e meio após comprar um clube que havia acabado de ser campeão da Liga dos Campeões, Boehly coleciona decisões trocadas no meio do caminho e resultados abaixo das expectativas. A sensação é de um projeto que tenta se reencontrar a cada tropeço -com paciência curta no banco, pressa no mercado e pouca identidade dentro de campo.
CHEGADA CONTURBADA
Boehly chegou ao clube no momento mais alto da história recente dos Blues. O Chelsea era o atual campeão da Liga dos Campeões -título conquistado em 2021- e vinha de uma era vitoriosa sob o comando de Roman Abramovich, que durou 19 anos e rendeu 21 troféus, incluindo cinco Premier Leagues e duas Champions.
Mesmo com essa herança, a nova gestão rompeu rapidamente com o passado: Marina Granovskaia e Petr Cech, dois dos pilares da estrutura anterior, foram demitidos. Thomas Tuchel, treinador do título europeu e querido pela torcida, também caiu poucos meses depois do início da nova era.
O resultado foi uma sequência de mudanças no banco e, em campo, a pior campanha do Chelsea na Premier League desde 1993-94 -apenas 12º lugar na temporada 2022/23.
SEDE POR REFORÇOS
O desempenho pífio não freou o apetite de Boehly no mercado – pelo contrário. A resposta veio com uma enxurrada de contratações de peso em busca de uma solução imediata. Raheem Sterling, Koulibaly e Aubameyang chegaram com status de titulares, mas decepcionaram.
A estratégia, então, mudou de rumo: os medalhões deram lugar a jovens já minimamente testados e consolidados, como Enzo Fernández, Moisés Caicedo e Marc Cucurella. As cifras também assustaram – só o argentino custou 107 milhões de libras, e o equatoriano bateu esse recorde meses depois, com 115 milhões.
GRANDE ACERTO
Se os milhões investidos ainda não se traduziram em conquistas importantes, ao menos o clube acertou em cheio em um nome: Cole Palmer. Contratado junto ao rival Manchester City, onde era reserva, o meia-atacante assumiu o protagonismo da equipe e já é tido como um dos principais jogadores da Premier League.
APOSTA NA ‘BASE’
Outro ponto que Boehly manteve, curiosamente, da era Abramovich, foi o foco em jovens promessas. O Chelsea tem apostado em talentos cada vez mais jovens, especialmente vindos do Brasil. É o caso de Andrey Santos, ex-Vasco, que deve finalmente integrar o elenco principal na próxima temporada. E também de Estêvão, do Palmeiras, adversário do Chelsea nesta sexta-feira, pelas quartas de final do Mundial de Clubes.
Se Andrey e Estêvão parecem ter futuro garantido no Chelsea, outros nomes não têm a mesma sorte e sofrem (ainda) com a desorganização do clube – entre eles, os santistas Ângelo, já vendido ao Al-Nassr, e Deivid Washington, emprestado de volta ao Santos.
DANÇA DAS CADEIRAS
Enquanto os nomes entram e saem do elenco, o banco de reservas também tem sido um carrossel. Depois de Tuchel, passaram por lá Graham Potter, Frank Lampard (como interino), Mauricio Pochettino e, agora, Enzo Maresca -técnico que chegou após boa campanha com o Leicester na segunda divisão, mas ainda é uma aposta, assim como muitos jogadores do elenco.
CAMPEÃO EUROPEU… DA 3ª DIVISÃO
A temporada 2024/25 trouxe uma melhora tímida, com o Chelsea terminando em quarto na Premier League e vencendo a Conference League -a terceira divisão continental. Ainda assim, longe do que se espera para um clube que investiu mais de R$ 10 bilhões em reforços desde 2022 e que continua tentando se encontrar no meio do caminho.
LUGAR AO SOL
A Copa do Mundo de Clubes pode ser, enfim, a primeira grande vitrine para o Chelsea de Boehly. Contra o Palmeiras, nas quartas de final, o dono americano -ainda novato no futebol- espera ver seu projeto dar os primeiros sinais de maturidade dentro de sua própria casa.
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Fonte: Notícias ao Minuto