A abordagem ao empresário Renê da Silva Nogueira Júnior, suspeito de matar o gari Laudemir de Souza Fernandes durante uma discussão de trânsito em Belo Horizonte, ganhou novos contornos após a divulgação de mensagens trocadas entre o acusado e um coronel da Polícia Militar de Minas Gerais. O conteúdo, recuperado pela Polícia Civil, revela que Renê pediu ajuda ao oficial no momento em que era cercado por PMs no estacionamento de uma academia de luxo.
Segundo o inquérito, o coronel — que já ocupou cargo de direção no Instituto de Previdência dos Servidores Militares — chegou a conversar com os policiais responsáveis pela abordagem e solicitou “cautela” na condução do caso. A mensagem enviada ao suspeito após a ligação diz: “Fique calmo. Pelo que entendi, estão averiguando. Muito inicial. Solicitei cautela na abordagem dos fatos. Me dê notícias.”
A condução do empresário gerou revolta nas redes sociais. Vídeos mostram que ele foi levado à delegacia sem algemas e no banco traseiro da viatura, o que levantou críticas sobre tratamento diferenciado. Dias depois, já autuado por homicídio duplamente qualificado, Renê foi transferido para o sistema prisional algemado e no compartimento de presos.
Além da interferência do coronel, o inquérito aponta que Renê tentou influenciar a investigação por meio de mensagens à própria esposa, que é delegada de polícia. Ele pediu que ela entregasse uma arma diferente da usada no crime, o que pode configurar tentativa de obstrução de justiça. A Polícia Civil concluiu o inquérito e encaminhou o caso ao Judiciário.
O advogado da família da vítima, Tiago Lenoir, afirmou que as provas revelam não apenas o crime, mas também tentativas de interferência institucional. “Não descansaremos até que todos os responsáveis, por ação ou omissão, sejam punidos com o rigor da lei”, declarou.




