Em áudio enviado ao pastor Silas Malafaia, o ex-presidente Jair Bolsonaro afirmou que não há possibilidade de negociação sobre o tarifário imposto pelos Estados Unidos ao Brasil sem que o Congresso aprove uma anistia ampla aos envolvidos na tentativa de golpe de Estado. A gravação, datada de 13 de julho, foi incluída pela Polícia Federal no relatório que embasa o indiciamento de Bolsonaro e seu filho, Eduardo Bolsonaro, por coação e articulação internacional contra autoridades brasileiras.
“Se não começar votando a anistia, não tem negociação sobre tarifa”, diz Bolsonaro no áudio, referindo-se às sanções econômicas impostas pelo governo Trump, que elevou taxas sobre produtos brasileiros em até 50%. O ex-presidente também critica tentativas de governadores, como Tarcísio de Freitas (SP), de buscar diálogo direto com a embaixada americana: “Não adianta ir pra embaixada, não vai só seguir. Da minha parte, é por aí pô”.
Segundo a PF, Malafaia teria orientado Bolsonaro a usar o discurso da “liberdade e justiça” como justificativa para pressionar o Supremo Tribunal Federal. Em uma das mensagens, o pastor sugere que o ex-presidente evite ataques diretos ao STF, mas insinue que a anistia seria a única saída para evitar retaliações contra ministros e seus familiares.
A investigação aponta que os áudios fazem parte de uma estratégia coordenada para influenciar decisões judiciais e políticas, com repercussões internacionais. A PF considera que o conteúdo reforça a tese de que Bolsonaro atuou para desestabilizar instituições democráticas e buscar apoio externo para pressionar o Judiciário brasileiro.




