A tramitação simultânea da PEC da Blindagem e do projeto que amplia a faixa de isenção do Imposto de Renda revelou um impasse político entre Senado e Câmara dos Deputados. Enquanto a proposta de isenção para quem ganha até R$ 5 mil avança com apoio popular, a PEC que dificulta investigações contra parlamentares enfrenta resistência crescente e pode naufragar no Senado.
Segundo informações dos bastidores divulgadas pelo jornalista Octavio Guedes, líderes do Senado avaliam que a Câmara tentou “empurrar” a PEC da Blindagem junto com a pauta da isenção do IR, como forma de suavizar a repercussão negativa. A estratégia, no entanto, gerou desconforto entre senadores, que agora se articulam para barrar a proposta.
A PEC da Blindagem, aprovada na Câmara sob forte articulação do centrão, é vista por críticos como uma tentativa de proteger políticos investigados, especialmente após a prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro. Já o projeto de isenção do IR, que beneficia milhões de brasileiros, tem sido usado como “contrapeso” para justificar a agenda legislativa.
Senadores como Alessandro Vieira (MDB-SE) e Simone Tebet (MDB-MS) têm se posicionado contra a blindagem, enquanto defendem a aprovação da nova tabela do IR como medida de justiça fiscal. A oposição à PEC ganhou força após manifestações populares em diversas capitais e pressão de entidades como a OAB e o Ministério Público.
Nos bastidores, há quem diga que o Senado quer “marcar território” e mostrar independência diante da Câmara, que tem sido acusada de atropelar o debate público em nome de acordos políticos. A votação da PEC foi adiada na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), e a tendência é que o texto seja desidratado ou arquivado.





