O relator da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS, deputado Alfredo Gaspar (União-AL), protagonizou um momento de tensão nesta quinta-feira (4) ao se irritar com a resposta da diretora de Auditoria da Previdência da CGU, Eliane Viegas Mota. Durante o depoimento, Eliane afirmou que o governo federal já tinha conhecimento das fraudes envolvendo descontos indevidos em aposentadorias desde 2021 — o que contrariou as expectativas do parlamentar.
Gaspar, que havia convocado a servidora para esclarecer o papel da CGU na apuração das irregularidades, iniciou sua pergunta em tom incisivo: “Eu quero saber se em 2021 foi feita alguma comunicação da CGU para alguma autoridade da República sobre irregularidades de desconto associativo.” A resposta de Eliane, que citou registros em atas do Grupo de Trabalho Interministerial da Previdência e alertas feitos por outros órgãos como o Ministério Público e a Defensoria Pública da União, foi interrompida por uma sequência de negativas do deputado: “Não, não, não, não, não!”
A insistência de Gaspar em obter uma resposta objetiva acabou gerando desconforto na sessão, com parlamentares governistas pedindo que a servidora fosse ouvida sem interrupções. Eliane tentou retomar sua fala, explicando que a CGU tinha assento no grupo técnico e que os alertas constam em documentos oficiais, mas foi novamente cortada pelo relator.
O episódio expôs a tensão política em torno da CPMI, que investiga um esquema bilionário de fraudes em descontos associativos aplicados sobre aposentadorias e pensões. A CGU estima que o prejuízo aos cofres públicos ultrapassa R$ 6 bilhões entre 2019 e 2024.
Gaspar, que tem se posicionado como defensor da responsabilização institucional, viu sua postura ser questionada por colegas após o episódio. A CPMI segue com oitivas previstas para os próximos dias, e a expectativa é que novas revelações aprofundem o debate sobre a conivência de autoridades com o esquema.




 
